sexta-feira, 19 de abril de 2013

Quando o rock pesado encontra a bossa nova

Quem escuta pela primeira vez, pode até estranhar. O estilo, uma mistura de rock pesado com a bossa nova e a tradição do samba brasileiro, cria o "bossa metal". Esse é o som que a banda paulistana Huaska apresenta nos seus três álbuns gravados, "E Chá de Erva Doce" (2006), "Bossa Nenhuma" (2009) e "Samba de Preto" (2012). O quinteto formado por Rafael Moromizato no vocal, Alessandro Manso no violão e guitarra, Carlos Milhomem  na guitarra, Caio Veloso na bateria e Júlio Mucci  no baixo começou os trabalhos em 2002. Um ano depois eles lançaram um EP, o "Mimosa Hostilis", com cinco músicas.

Em fevereiro do ano passado, o Huaska lançou o seu terceiro CD, o "Samba de Preto". Para este álbum, a banda contou com a colaboração de dois nomes importantes dentro da música popular brasileira, Eumir Deodato e Elza Soares. O primeiro, músico e arranjador, já trabalhou trabalhou com nomes como Tom Jobim, Frank Sinatra e Bjork. Para o CD, Eumir colaborou desde a fase de composição, incluindo a tarefa de regravar o maior clássico da bossa nova, "Chega de Saudade", que na versão feita pelo Huaska ganhou o peso de guitarras e bateria  Já Elza Soares, que se auto-intitulou madrinha da banda, cantou na faixa-título do álbum, "Samba de Preto". O Huaska disponibilizou esse último álbum para download gratuito no site oficial. Para quem quiser conhecer o trabalho da banda, você pode acessar a página da banda no YouTube.

Da esquerda para direita: Carlos, Alessandro, Rafael, Júlio e Caio

Em entrevista ao The Newsrock, o baterista da banda Caio Veloso nos contou um pouco mais sobre a formação da banda, os shows, a reação dos fãs e também sobre a participação dos convidados no último CD.

The Newsrock: Como a banda foi formada e como vocês decidiram seguir esse estilo que une rock com bossa nova, como vocês chegaram a essa decisão.

Caio Veloso: Desde o início da banda, havia uma disposição, uma ideia de trazer referencias brasileiras para dentro do nosso som. Curtimos muito várias misturas que foram feitas com o rock no brasil (secos e molhados, nação zumbi, raimundos, etc) e queríamos fazer uma mistura diferente, do nosso jeito.

The Newsrock: Qual a origem do nome Huaska, quem teve a ideia e qual o significado dele.

Caio Veloso: Huaska é uma palavra que tem sentidos diferentes dependendo do lugar. É uma gíria para "chapado" em alguns países.

The Newsrock: Como vocês percebem a recepção ao trabalho de vocês, como tem sido os shows?

Caio Veloso: Os shows estão cada vez melhores, com mais gente cantando todas as músicas (não só os singles) e isso emociona a gente pra caralho. O público está crescendo, gente nova chegando. Na medida em que a banda está sendo reconhecida, aquela "estranheza" que o pessoal mais radical tinha está diminuindo. Mas o interessante é que, os roqueiros que mais torcem o nariz para um pandeiro, são os que acabam virando fãs mais engajados.

The Newsrock: Como funciona o processo de criação de vocês, a composição, a ida para estúdio.

Caio Veloso: Nunca paramos de criar, ter idéias e anotar tudo. Mas quando sentamos para fechar as composições e os arranjos, leva bastante trabalho e tempo. Isso acontece porque temos uma filosofia em que todos os integrantes podem e devem opinar e sugerir em todos os momentos. Mesmo que a ideia inicial de uma letra veio de um, todo mundo critica, dá sugestões e decidimos juntos. Tomamos muito cuidado com os arranjos antes de ir para o estúdio. Sempre rola um processo de criação em estúdio também, mas no geral já chegamos sabendo como queremos soar e o que vamos fazer em cada música.

Capa do último álbum
The Newsrock: Quanto ao último cd, o Samba de Preto, como foi trabalhar com Eumir Deodato e Elza Soares?

Caio Veloso: O Eumir se engajou no Samba de Preto e começou os trabalhos ainda no processo de composição, quando ainda estava tudo muito cru. E isso foi muito importante, ter um nome de tanto peso na música brasileira apontando os caminhos. É um cara que conviveu muito com os nossos músicos e compositores favoritos e isso ajudou demais no projeto. O Eumir tem um bom gosto impressionante em tudo que faz. Já a Elza foi um grande presente que recebemos já no final da gravação do cd; foi praticamente amor a primeira vista. Mandamos a música, ela ouviu, adorou e em uma ou duas semanas estava em São Paulo gravando. Para nós na época foi muito surreal. A Elza tem uma voz sensacional e acima de tudo, é uma grande pessoa que ama muito tudo que faz. É a voz feminina de mais identidade, força e qualidade do Brasil. Fizemos shows juntos e ela hoje é a nossa madrinha, é uma grande honra.

The Newsrock: Como foi fazer uma nova versão para Chega de Saudade?

Caio Veloso: Foi uma baita responsabilidade, mas no fim das contas foi muito natural. Hoje é umas das nossas músicas preferidas para tocar ao vivo.

The Newsrock: Alguma previsão de shows no Rio de Janeiro?

Caio Veloso: Fomos muito para o Rio quando estávamos compondo, mas curiosamente ainda não passamos por aí desde a gravação do CD. Estamos conversando com algumas casas, vamos para o Rio de Janeiro esse ano. Está no nosso radar, com certeza!

The Newsrock: O que a banda planeja para o futuro, novos desafios.

Caio Veloso: Hoje estamos focados na turnê do CD, e imagino que até o final desse ano vamos continuar assim, estrada e shows. A turnê ajuda muito também na criação das próximas músicas. Muito da composição do futuro cd surge na turne atual, com o Huaska sempre foi assim. Quem sabe teremos novidades para o ano que vem! Abraço.

Para conhecer o som do Huaska veja o vídeo "Samba de Preto", com participação de Elza Soares.

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